segunda-feira, 7 de março de 2011

Preserve Muda Brasil


Hoje, segunda-feira de feriado de carnaval, casa vazia, livros na estante (tenho um blog de literatura, o Nós Todos Lemos) e o tempo chuvoso está convidando somente a reflexões), observo da sacada de meu quarto a minúscula muda que meu filho está cuidando no quintal, dentre tantas outras que já cuidou. É uma muda de laranjeira, que nasceu aleatoriamente.

Ele certamente não alcançou a época em que a rua tinha um tapete verde de manga em determinada época e por anos subsequentes. Não presenciou a árvore da felicidade da visinha que ganhou graças a uns morcegos voadores em noite escura um evidente motivo para um longo processo de pedido para ser extirpada. Não conheceu tantas outras árvores no bairro, na pequena cidade em que moramos que tem a indústria como mola propulsora a mudança de costumes que se misturam a hábitos de cidade grande como ter um bom asfalto para os carros que atravancam as poucas ruas. O ar não é mais puro, apesar da brisa do mar a refrescar as belas e suaves tardes onde o pôr do sol é um convite a chegada da noite que cede ao dia que foi batizado de mais claro do Brasil.

Voltando as mudas, observo meu filho que desce cedo aprendeu a cuidar das plantinhas em nosso curto quintal, na verdade uma entrada de garagem com pouca grama mas a persistência dele já fez verdadeiras mudas sobreviverem no interior: mangueira, laranjeira, pé de feijão (o colhido no quintal não foi suficiente para uma feijoada mas acompanhou outros de outras origens - 12 grãos de feijão).

Fico feliz com esta postura que aprendeu observando os hábitos da roça que costuma frequentar vez por outra. Aprendeu por si só a preservar em tempos escassos as mudas. Nosso Estado do Rio de Janeiro, conversando hoje via e.mail com uma amiga, já carece de mudas que são importadas de SP para a Mata Atlântica.

Tenho um amigo que me relatou em meados de 2010 a possibilidade de fundar um site para preservação de mudas, projeto de aposentadoria e enquanto isto faz um verdadeiro trabalho de herói anônimo. Tem um viveiro que preserva mudas e doa aos amigos. Nem sempre encontra interessados mesmo aqui nesta cidade do interior. Já ofereceu em portaria de prédios que agora alcançam mais que três andares, mesmo sendo a cidade de praia. Não querem mudas de plantas pois dariam trabalho de limpar as folhagens caídas. E a temperatura continua a subir, os temporais, os vendavais cada vez mais fortes. Outro dia tivemos um mini-ciclone por aqui. Registrado como um pequeno tufão. Alagamentos no RJ, tornam-se comuns.

O amigo, agora cuidando da saúde pois foi pego de surpresa recentemente, enquanto não resolve fundar o espaço online, resolvi aqui fundar este espaço para irmos crescendo como uma semente que antes que ser lançada à terra foi lançada em idéia, em conversa amiga. No momento, apenas temos perspectivas que poderão ser boas se cuidarmos bem das sementes, se observarmos as ervas daninhas impeditivas de bons futuros frutos e se regarmos o espaço. Então em um futuro teremos boas mudas, preservadas no dia-a-dia da vida.

Bem vindo ao espaço que acaba de nascer (melhor, de germinar)!

Imagem: Mini-orquídea fotografa em um canteiro em frente a um auditório na empresa onde trabalho. Quase imperceptível a olho nu ou aos olhares que passam desavisados.

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